Os números contam histórias, mas precisamos estar atentos aos detalhes. Nesse artigo não vamos falar sobre tipos de gráficos e os elementos que compõem cada um deles, (ao final deixaremos algumas leituras complementares). O objetivo aqui é fazer com que você possa interpretar qualquer tipo de gráfico e evitar erros de análises na prática.
Nesse artigo você vai ver:
Somos condicionados e inclinados a analisar e interpretar gráficos e tabelas em nosso dia a dia mesmo que de forma despercebida, alguns deles são os calendários, rótulos de embalagens, tabelas nutricionais dos alimentos, bulas de remédios, boletos e contas de luz, gás, internet, entre outros formatos que nos fazem analisar e compreender resultados e dados de forma crítica para que possamos tirar nossas próprias conclusões e dependendo fazer nossas projeções e planejamentos futuros.
Vale pontuar que a dificuldade não se restringe apenas na etapa de analisar um gráfico, youmas também existe dificuldade (até mesmo para os profissionais de dados e marketing) nas etapas anteriores, mais precisamente na mensuração e coleta de dados.
O primeiro passo para interpretar um gráfico: Atenção!
Tenha atenção e leia com cuidado os títulos e legendas, para que sua conclusão não seja enviesada.
Para deixar o tópico mais claro, vamos trazer alguns exemplos reais onde o gráfico (por não estarem construídos adequadamente) podem dificultar ou impossibilitar o entendimento claro por parte do leitor.
A ideia aqui é exercitar o seu olhar para os erros, assim quando você ler um gráfico (devidamente correto) vai se atentar para esses detalhes.
Legendas não explicitadas corretamente
É possível observar que o eixo vertical é iniciado no gráfico a partir do valor 60.000. Esse recurso de interrupção da escala no início do eixo vertical, bastante popular na imprensa, é comumente utilizado quando o menor valor observado na série de dados é significativamente maior que zero.
Nesses casos, a grande extensão da escala no eixo vertical provoca um espaço inútil entre a linha do gráfico e o eixo horizontal.
Busca-se então eliminar este espaço inútil, tanto por uma questão de simplificação e economia de espaço no gráfico, como por meio de dar um maior foco ao intervalo em que os dados encontram-se apresentados.
Legendas explicitadas corretamente
Já no exemplo abaixo temos o uso adequado do gráfico de linhas, com as legendas que nos traz uma ideia de comparação, nesse caso são os públicos compradores de imóveis nos Estados Unidos. Temos também, as informações dos eixo X (nesse caso é a média de idade do público comprador de imóvel nos Estados Unidos) e o eixo Y (que traz os resultados através dos anos de 2002 a 2016).
Nesse exemplo, em pouco tempo (após ter o entendimento do título, eixos e legendas) podemos analisar e concluir que em linhas gerais o público que comprou imóvel pela primeira vez (linha verde mais clara) desde 2002 ficou dentro da faixa etária entre 30 e 35 anos. Já o público que vem comprando repetidas vezes ao longo dos anos vem ficando mais velho.
O segundo passo para interpretar um gráfico: Contexto!
Em um cenário onde diversas informações e insights são gerados dentro das empresas e com a rotina de operações complexas, onde a todo momento é preciso ter agilidade e precisão, os gráficos são uma excelente ferramenta para dar vazão a essa dinâmica. No entanto, é necessário interpretar gráficos da maneira correta para que erros em análises não sejam cometidos.
Por isso trazemos o contexto como segundo passo para seguir essa jornada. Nos últimos dois anos, nos acostumamos a ler e observar os gráficos da média móvel dos números da pandemia, e de fato no início (de maneira geral) foi um tanto confuso, mas esse exemplo se replica em nosso dia a dia nas empresas, onde temos que entender os resultados estáticos e associados ao contexto para que nossas conclusões e análises estejam corretas.
Pegando como exemplo a pandemia e os dados estatísticos desse cenário, o gráfico abaixo mostra uma evolução de casos acumulados de Covid-19 por data de notificação nos últimos 12 meses. A interpretação deste gráfico não deveria ser complexa já que o gráfico traz os principais elementos que falamos no item anterior deste blog, como títulos e os dados no eixo vertical e horizontal.
Uma análise generalista nos mostra que tivemos um pico importante de casos entre o final de janeiro e início de fevereiro, mas se você estivesse no comando para tomar alguma decisão a nível nacional com esse gráfico, você teria segurança para isso?.
Pois bem, voltemos ao nosso ponto inicial que é o contexto e para isso decupar abaixo 3 pontos contextuais que poderiam ajudar na tomada de decisão mais precisa e um melhor entendimento desse um cenário hipotético, lembrando que aqui estamos tratando de um exemplo que não condiz com a realidade nem tem pretensões de discorrer sobre a situação da pandemia no Brasil.
1. O número de testes faz muita diferença
A taxa de testagem na população influencia diretamente nos números que vemos nas divulgações de dados sobre coronavírus. Como vivemos uma pandemia de fácil contaminação, é compreensível que os números aumentem diariamente. Mas a questão é: se poucos testes são disponibilizados e, portanto, menos pessoas estão fazendo testes, temos a impressão equivocada de que o número de contaminados está baixo. Mas, na verdade, estamos apenas contando pouco, pois não temos acesso à situação
2. Os números mostram a situação nacional generalizada
O Brasil é um país gigantesco e cada região tem particularidades em relação ao sistema de saúde e hábitos de vida da população. Com isso a realidade da pandemia também difere. Grande parte dos dados são divulgações que traçam um perfil geral sobre a situação do país. Assim, acabam ignorando a existência de pequenas regiões com situações mais graves ou que já estão melhorando seus indicadores.
3. Cada país passa por estágios diferentes
Se estados e cidades vivem fases distintas da pandemia, imagine países. Quando vemos os dados mundiais, as linhas de todas as nações começam em um mesmo ponto (zero) no eixo “x” e avançam, cada uma a seu ritmo. Apesar de essa ser a forma mais fácil de visualizarmos o panorama geral, ela não considera algo muito importante: quais países tiveram mais tempo para reagir à crise.
Vamos relembrar: os primeiros casos de covid-19 foram registrados na China, no final de 2019. Assim, entendemos que esse foi o primeiro país que reconheceu a pandemia. Mais tarde, outros países da Ásia registraram a doença, até que ela chegou à Europa. Itália, Espanha e Reino Unido enfrentaram picos de Covid-19 enquanto a pandemia começava a crescer nas Américas.
Isso quer dizer que, teoricamente, a Itália teve menos tempo para se preparar do que o Brasil, por exemplo. É uma informação crucial para avaliar a forma como os governantes encararam o coronavírus. Os países foram atingidos em momentos diferentes e, por isso, vivenciam estágios diferentes de contaminação.
O terceiro passo para interpretar um gráfico: Provoque!
O terceiro passo da nossa trilha serve tanto para quem está recebendo as informações através de um relatório, dashboard ou até mesmo por email, quanto para quem compilou e produziu as informações que foram plotadas em gráficos.
Lembrando que gráficos nada mais são do que uma representação geométrica de um conjunto de dados utilizada para auxiliar e ajudar na compreensão das informações que foram apresentadas nesse conjunto.
Posto isso, se você é o stakeholder que está recebendo as informações ou o analista que está criando os gráficos, tenha em mente que é necessário ser provocativo, é normal que um gráfico responda um questionamento chave de negócio, mas essa resposta interpretada através da análise de um gráfico, pode ser a ponta de um iceberg para desdobramentos e revelação de insights ainda mais valiosos para o negócio, que podem até mesmo resultar em acionáveis visando aumento de performance ou otimização de investimento por exemplo.
Podemos considerar que para interpretar gráficos e evitar erros em análises de dados, temos questões de hard skills mas também de soft skills como o senso investigativo, com isso a análise de um gráfico se torna um bom ponto de partida para avanços e aprofundamentos em analises, claro que o objetivo é que algumas perguntas possam ser respondidas através do gráfico, mas caso a necessidade e o contexto peçam, outras perguntas relevantes podem surgir a partir de um gráfico e desdobra em questões mais aprofundadas visando a melhorar performance de negócio.
Um outro soft skill é o senso provocativo, uma vez que você ocupa a cadeira de gestão ou tomador de decisão, ao analisar um gráfico é importante provocar (com base nos dados) o time para ações efetivas visando correções de rota ou até mesmo ganho de performance. É importante que o time se sinta estimulado em evoluir e ser responsável pelo sucesso ou recuperação de um cenário negativo.
Porém se você está ocupa a cadeira de um analista de dados e identificou que o gráfico produzido o leva para outras questões, então faça, provoque a só mesmo incluir apontamentos ou desdobramentos que julgue importante para que seus clientes, internos ou externos tenham visibilidade e possam atuar em questões de performance, pautada nos dados, análises e gráficos desenvolvidos.
Como posso disseminar essa cultura em minha empresa?
Basicamente temos 2 públicos aqui distintos que fazem parte do processo. O primeiro são os profissionais que atuam na produção e montagem dos gráficos, normalmente o time de inteligência ou Business Intelligence, para esse time é importante levar em conta três grandes aspectos antes de entregar alguma análise com gráficos.
1. Entender quem é a audiência que receberá a informação
2. Conhecer o negócio e objetivos para que o gráfico traga além de resultados, os insights
3. Ter clareza e validação das informações contidas no gráfico, além de optar pelo melhor formato de acordo com o tipo de informação abordada.
Bem, o outro público é quem recebe a informação. Normalmente nós do time de dados temos menos tempo e contato com as equipes que nos pedem as informações, por isso nossa entrega deve ser certeira, e o time receptor deve ter em mente alguns pontos importantes, um deles é o entendimento dos objetivos de negócio e contexto tanto interno quanto externo, para que o gráfico seja um caminho para tomada de decisão de acordo com esses itens citados.
Ter respaldo técnico e profissional é um caminho fundamental para que o processo analítico seja realizado com consistência, clareza e recorrência. Assim nosso time de consultoria pode lhe ajudar com os próximos passos e acelerar o processo de transformação digital e cultural de sua empresa. Conheça nossos serviços, aproveite sua visita em nosso blog e chame um de nossos especialistas para um bate papo, queremos entender melhor suas necessidades de dados.